Manifesto de apresentação do Coletivo Mulheres Resistem
Nas escolas, igrejas, no trabalho, no lar e em todos os aspectos da nossa vida, observamos que ainda existem práticas e atitudes permeadas pelo machismo. É sabido que as relações de gênero são construções históricas e culturais. Em nossa sociedade percebemos as construções das relações sociais embasadas na cultura patriarcal e androcêntrica, em que o estereótipo feminino é transmitido e reafirmado de uma geração para outra.
Durante muitos séculos as mulheres foram vistas como um objeto sensível, cujo objetivo de vida é a procriação, o cuidado com o marido e as ocupações domésticas. Atualmente, apesar de muitas mulheres terem consciência de que seu trabalho vai muito além dos trabalhos do lar e, apesar das diversas lutas para a conquista de seus direitos, muitas mulheres ainda não se descobriram enquanto sujeitas donas de sua história e capazes de transformar a realidade em que vivem. Isso porque o imaginário da mulher frágil e submissa ainda está presente em muitos espaços públicos e privados, determinando seu comportamento e seu modo passivo de se posicionar.
Quando nos voltamos para o Nordeste, todo tipo de opressão se faz mais acentuada, tomamos por exemplo a pobreza, que faz com que os indivíduos sejam cada vez mais engolidos pelo mercado de trabalho, despertando um espírito competitivo e individualista, submetendo-se a exaustivas jornadas de trabalho em troca de míseros salários que não atendem as suas necessidades. Muitas vezes tantas relações injustas não são percebidas, e o conformismo e o silêncio respaldam toda a opressão que nos rodeia.
Com as relações de gênero não é diferente, mulheres pobres são recorrentemente oprimidas e exploradas desde a infância, onde por vezes são obrigadas a trocar a escola e a cultura pelos afazeres domésticos, para cuidar de seus filhos e irmãos ou até mesmo vendendo seus corpos, sustentando o mercado sexual. Muitas delas ainda quando adultas serão donas de casa submissas aos seus maridos, proibidas de trabalhar ou até mesmo vítimas de violência doméstica e/ou femicídio.
No Brasil, segundo dados de uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc, a cada 2 minutos 5 mulheres são agredidas violentamente. Outro fato surpreendente é que, dos homens que foram ouvidos na pesquisa, 2% declaram que “tem mulher que só aprende apanhando bastante” e entre os 8% que assumem praticar violência, 14% acreditam ter agido bem e 15% declaram que bateriam de novo, o que indica um padrão de comportamento e não uma exceção[1].
Como mulheres, nos reunimos para a construção do coletivo Mulheres Resistem!, por acreditarmos que toda forma de opressão contra o povo deve ser veementemente combatida. Lutamos para romper com a prática machista nos espaços de trabalho, moradia, estudo, militância...Contra o conformismo, a submissão e toda forma de rechaço à mulher. O protagonismo da mulher na luta feminista é mais que justo, pois somos nós que sentimos e vivenciamos os valores e concepções de mundo determinados por um grupo dominante, sendo assim tomamos a responsabilidade de lutar para que a sociedade reconheça que mulheres e homens se equivalem, e que ambos tenham condições dignas de vida.
Todas as pessoas tem o direito de lutar por uma sociedade justa, equânime e livre de qualquer tipo de opressão e preconceito. E lutar coletivamente é a melhor maneira de almejar esse objetivo! Neste sentido, convidamos todas as mulheres a se integrarem ao coletivo Mulheres Resistem!, porque
Lugar de mulher é na Luta!
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